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Júlio Cesar Ribeiro de Souza!

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Já o mencionei aqui, ligeiramente, em setembro de 2019. Júlio Cesar Ribeiro de Souza, um notável inventor e escritor paraense que nasceu em 1843 e se foi deste mundo em outubro de 1887. Santos Dumont, nascido em 1873, quando Júlio Cesar completou 30 anos, é relembrado cotidianamente entre nós por ter voado em torno da Torre Eiffel em 1901 e de avião em 1906. Bem antes disso, contudo, duas vezes, em 8 e 12 de novembro de 1881, Júlio Cesar voou de balão em Paris.

Sua vida há de ter sido encantadora. Em 1861 foi-se para o Rio, onde se formou no curso preparatório da Escola Militar, e em 1866 integrou-se às forças aliadas envolvidas na Guerra do Paraguai. De volta ao Pará em 1870, dedicou-se à literatura, ao jornalismo e à pesquisa em torno dos balões como instrumentos de navegação aérea.

Foi-se novamente para o Rio de Janeiro em 1881 levando consigo um texto que sintetizava sua pesquisa desde 1874, Memória Sobre a Navegação Aérea. No dia 3 de março fez uma conferência no Instituto Politécnico Brasileiro, entusiasmando os que o ouviram. Em razão disso uma comissão composta pelo Barão de Teffé e pelos doutores Álvaro Joaquim de Oliveira e Fábio Hostílio de Morais Rego analisou a teoria contida no manuscrito e, no dia 3 de maio, emitiu um parecer recomendando a execução de experiências para verificar sua exequibilidade. Retornando ao Pará, Júlio César obteve recursos públicos locais que ensejaram uma primeira viagem à França.

Em Paris foi construído seu balão - Le Victoria - cuja patente obteve, realizando seus primeiro e segundo voos, como linhas acima observei, em 8 e 12 de novembro. Grande sucesso, que lhe permitiu a obtenção de mais recursos públicos e o retorno a Paris para a construção de outro balão, o Santa Maria de Belém. Lastimavelmente sem sucesso, os materiais e equipamentos tendo sido manipulados de forma incorreta, impossibilitando o voo. E mais, menos de um mês depois, dois capitães franceses - Charles Renard e Arthur Krebs - decolaram do campo militar de Chalais Meudon e circularam sobre Paris à bordo do balão La France.

Ao que tudo indica a partir da leitura de textos então publicados no Brasil, na França e na Inglaterra a esse respeito, o formato do balão francês sendo o mesmo do Le Victoria e do Santa Maria de Belém e mais outros detalhes, Júlio Cesar Ribeiro de Souza foi vítima de plágio. Em 1886 retornou à França e construiu seu último balão, o Cruzeiro, flutuando sobre a cidade.

Propôs então debates com Renard e Krebs na Sorbonne e na Academia de Ciências da França, mas foi por eles ignorado.

A vida é assim. Ele morreu pobre, em Belém, vítima de beribéri, há mais de cem anos, mas a esperança de justiça é a última que morre.

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